Além de se esforçar para desviar dos ataques da oposição, é dentro de seu próprio partido que o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, enfrenta dificuldades na busca por apoio para permanecer no governo. Nas conversas reservadas entre petistas, circula com frequência cada vez maior a avaliação de que o chefe da Casa Civil agora amarga os desafetos que adquiriu ao longo dos últimos anos. “O ministro Palocci está pagando pelos pecados que cometeu”, disse um petista com trânsito no Palácio do Planalto.
Dentro do PT, Palocci pertence à corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), conhecida como o antigo Campo Majoritário da sigla. O grupo deu as cartas no partido até a crise do mensalão e é integrado por nomes como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro José Dirceu.
Nos últimos dias, segundo petistas, dirigentes e líderes partidários optaram por se afastar do ministro. Como Palocci sempre teve um perfil reservado, a justificativa de alguns é a de que ele próprio optou por se expor ainda menos diante do agravamento da crise em torno de sua evolução patrimonial. Palocci, entretanto, recebeu alguns afagos de colegas de partido nos últimos dias. Dirceu, por exemplo, telefonou ao ministro da Casa Civil.
Nos grupos mais à esquerda do PT, o apoio é escasso. Alas geralmente descritas como mais “radicais” teciam críticas ao ministro desde os tempos em que ele ainda comandava a pasta da Fazenda, durante o governo Lula. Tradicionalmente, as queixas versavam sobre a política econômica adotada desde o início do governo petista.
Agora, o discurso que prevalece dentro do PT é o de que o partido está pagando o preço por decisões pessoais de Palocci. A situação, dizem dirigentes, é muito diferente da enfrentada por nomes como o ex-tesoureiro Delúbio Soares, que foi recentemente reintegrado à sigla depois de ser expulso na crise do mensalão. Os erros de Delúbio, justificam os colegas de legenda, referiam-se ao gerenciamento de recursos para campanhas e não a negócios privados.
Há insatisfações em alguns grupos do partido também com a distribuição de cargos no governo Dilma. Setores do partido avaliam que o núcleo duro composto pela presidenta para abrir sua gestão no Palácio do Planalto não soube administrar as demandas do partido e cedeu demais às pressões do PMDB.
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