Guilherme Fiuza, ÉPOCA
Conforme previsto neste espaço, passada a onda das manifestações de
junho/julho, a presidente Dilma Rousseff - que perdera popularidade,
teria de dar lugar a Lula etc. - voltou ao conforto nas pesquisas de
opinião: hoje, venceria a eleição no primeiro turno. Os indignados que
foram às ruas acham que o Brasil não será mais o mesmo depois de sua
explosão cívica. O médico mandou não contrariá-los.
Falando
baixinho para não incomodar os revolucionários: o grande legado das
manifestações foi o surgimento de um bando de débeis mentais de preto
que quebram tudo o que veem pela frente, diante de outro bando de débeis
mentais que consentem - e eventualmente apoiam - o chilique fascista.
Dilma
assiste a tudo isso tão a salvo que até já recuperou a soberba:
declarou que seus adversários eleitorais "têm de estudar muito" o país.
E
têm mesmo. O que Dilma e sua turma conseguiram fazer com o Brasil não é
para leigos. Como arrebentar as finanças públicas com politicagem e
trazer de volta a inflação, sem que uma única e miserável passeata
identifique seu crime e peça sua cabeça? É coisa de gênio - só estudando
muito mesmo.
As tecnologias petistas de sucção e privatização da
máquina pública alcançaram tal grau de sofisticação que, é duro dizer, a
oposição talvez precise de gerações para estudá-las razoavelmente.
Toda
a arquitetura parasitária montada para substituir o mensalão - a
fantástica rede de convênios e programas piratas que irrigam a base
política nas quatro dezenas de ministérios - é só a parte mais visível
do plano. Há um trabalho ainda mais profundo do que esse, como se vê
agora com o caso da Bolsa Vereador.
Foram descobertos cerca de 2
mil vereadores eleitos em vários pontos do território nacional com a
mesma peculiaridade: todos são beneficiários do Bolsa Família. Estavam
inscritos no programa antes de se eleger e continuaram inscritos depois
de eleitos. Uma manobra sensacional, de tirar o chapéu.
O pulo do
gato é simples: o esquema petista distribui dinheiro de graça para
multiplicar sua base eleitoral, depois puxa representantes da própria
turma da mesada para ocupar cargos eletivos - numa espécie de Partido da
Bolsa.
É genial, porque o sujeito passa de cliente assistencial a
militante, daí diretamente para o poder, sem ter de trabalhar na vida. É
o modelo Dilma, o mais bem-sucedido do país.
A trajetória dela é a
prova incontestável da eficácia dessa fórmula. Dilma foi ser militante
na vida - ótima receita para os que não se dão muito bem com trabalho.
Como "quadro" partidário, ocupou várias funções na administração
pública, sem precisar saber nada, uma das maravilhas do apadrinhamento
político.
Como prêmio à sua trajetória irretocável de mediocridade
e irrelevância, chegou a ministra-chefe da Casa Civil, e ali ganhou de
Lula o apelido consagrador: "Mãe do PAC" - título que, não significando
nada, é a sua cara.
Não há dúvida de que a oposição precisa estudar muito o país para entender como alguém assim vira presidente da República.
O
que seria a ex-guerrilheira Dilma Rousseff hoje, se não fosse
presidente do Brasil? Dona de uma agência de black blocs? Sócia de
Erenice Guerra numa Cooperativa de despachantes, especializada em
favores de segunda mão? Governanta de José Dirceu - e, portanto,
correndo o risco de ficar desempregada se o STF tomar vergonha na cara?
A
inclusão social de Dilma é uma obra-prima do petismo, e o Brasil não há
de permitir uma derrota da presidente na eleição do ano que vem, que
poria tudo a perder. Programas sociais como esse, e como o Bolsa
Vereador, vieram acabar com o complexo de vira-latas do brasileiro,
frequentemente citado pela própria Dilma.
Hoje, o brasileiro sabe
que a falta de perspectivas na vida é um problema apenas daqueles que
não se filiaram aos partidos certos. Se você for um militante abnegado,
pode até chegar a ministro do PT no Supremo - onde terá sua boquinha
vitalícia e ainda poderá proteger as boquinhas da gangue que o colocou
lá. Solidariedade é tudo.
Aí aparecem esses candidatos
aventureiros da oposição, que não têm a menor ideia de como se vampiriza
profissionalmente um país, querendo ser presidentes... Vão estudar,
vagabundos!
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