O clima foi de tranquilidade e paz no primeiro jogo da final da taça Cidade de Belém (que representa o primeiro turno do Campeonato Paraense de Futebol), realizado na tarde deste domingo (25), no Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão. A partida, entre Clube do Remo e Paysandu, terminou empatada em 1 a 1, e levou ao estádio quase 40 mil pessoas, que geraram uma renda de cerca de R$ 910 mil reais.
O Governo do Estado, maior patrocinador do certame, em parceria com o Judiciário e órgãos do município de Belém, montou uma megaestrutura de segurança para o público, que incluiu, pela primeira vez, o projeto “Futebol com Justiça”, com a implantação de um juizado criminal especial no próprio Mangueirão. Para quem preferiu ficar em casa, a Cultura Rede de Comunicação garantiu a transmissão do evento, com sinal digital, pela TV Cultura, e pelo portal Cultura.
A circulação de torcedores pelos arredores do Mangueirão foi intensa desde cedo. Nenhuma anormalidade, contudo, foi registrada nos portões de entrada do estádio. A partida teve início às 16h, antecedida por um minuto de silêncio em homenagem ao ex-governador Almir Gabriel e ao ex-atleta de basquetebol do Pará, Edir Góes, ambos recém-falecidos. O vice-governador do Estado, Helenilson Pontes, acompanhou o jogo de uma das tribunas.
Além da disputa acirrada entre os jogadores dos dois clubes, e da chuva, que caiu torrencialmente no início do segundo tempo do espetáculo, o que marcou o maior clássico do futebol da Amazônia foi o clima de tranquilidade, tanto dentro, quanto nos arredores do Estádio Olímpico do Pará.
“O que nós queremos é exatamente isso. É que as pessoas possam vir para o estádio com o mesmo entusiasmo e tranquilidade com que vão ao Theatro da Paz, por exemplo. E será assim em todas as partidas de agora em diante. Já estamos trabalhando para trazer um novo jogo da Seleção Brasileira a Belém ainda no primeiro semestre deste ano e, com certeza, até lá, vamos manter a paz nos jogos”, disse o secretário de Estado de Esporte e Lazer, Marcos Eiró.
Para o comandante de policiamento da capital, coronel PM Roberto Campos, o resultado satisfatório obtido na primeira partida da final do primeiro turno do Campeonato Paraense de Futebol deve ser creditado ao próprio torcedor, “que entendeu a mensagem de paz”; à imprensa, “que ajudou a disseminar essa mensagem” e ao trabalho integrado dos órgãos de segurança pública do Estado e município. Segundo ele, 953 homens da Polícia Militar participaram da operação, que aconteceu dentro e fora do Mangueirão. “Todas as tropas especializadas da Polícia Militar estão nesse evento, e, além delas, homens do Corpo de Bombeiros, da Guarda Municipal de Belém, da Polícia Civil, do Tribunal de Justiça do Estado e do Ministério Público estão presentes”, destacou.
Já a delegada-geral adjunta da Polícia Civil, Christiane Lobato, lembrou que os órgãos de segurança realizaram um trabalho preventivo, baseado em dados repassados pelos setores de inteligência do sistema de segurança, o que evitou a ocorrência de transtornos decorrentes da partida de futebol. “O jogo acabou, mas continuamos o trabalho a fim de evitar qualquer incidente que possa acontecer em via pública, considerando que aqui no estádio não tivemos nenhuma ocorrência. Tivemos, sim, situações pontuais na cidade, mas que nada tiveram a ver com o jogo em si”, informou, logo depois do término do evento.
Mário Chermont, um dos cinco promotores de justiça que trabalharam no juizado especial criminal, montado no Mangueirão para apurar os crimes envolvendo o Estatuto do Torcedor, também comemorou a calmaria observada no clássico. “A grande vantagem da instalação do juizado é que a pessoa, no caso, o infrator, já sai do local apenada, sabendo a pena que vai cumprir, que normalmente será o afastamento do estádio em dias de jogo por um determinado período”, explicou, lembrando que, dependendo da gravidade do crime praticado no âmbito do Estatuto do Torcedor, esse afastamento pode durar de três meses a três anos. “Com isso, a gente espera que as pessoas tenham consciência e não pratiquem quaisquer crimes previstos no Estatuto. Quanto aos outros crimes, eles serão normalmente autuados em flagrante e encaminhados às delegacias de polícia”, finalizou, já prevendo os próximos jogos. Até às 18h, nenhuma ocorrência havia sido encaminhada para o juizado especial criminal.
Antônio Carlos Nunes, presidente da Federação Paraense de Futebol, elogiou a iniciativa de instalação do juizado especial. “Acho que demos um grande passo no sentido de garantir a paz nos estádios com a instalação do juizado especial de futebol. Todos somos interessados e, por isso, temos que dar as mãos e trabalhar juntos para termos, sempre, grandes competições no nosso templo sagrado do futebol”, frisou.
Além da segurança, o Governo do Estado do Pará também garantiu atendimento médico de qualidade para os torcedores que compareceram ao Estádio Olímpico. De acordo com o médico da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), Jaime Bastos, a secretaria atendeu ao que prevê o Estatuto do Torcedor, que determina a obrigatoriedade da presença de um médico e dois enfermeiros-padrão para cada 10 mil torcedores presentes ao jogo de futebol. Na maior parte do tempo, no entanto, a equipe da Sespa não teve muito trabalho. No intervalo do primeiro para o segundo tempo, apenas dez ocorrências médicas haviam sido registradas nos ambulatórios. Eram casos de febre, dores abdominais e de cabeça, além de ferimentos superficiais. “Tudo dentro da normalidade”, garantiu o médico.
G1
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