Dois mortos e muita baderna em Tracuateua

Extraido do jornal Diário do Pará (com as devidas atualizações. Nas fotos, cenas da revolta no municipio)

Revoltada com o assassinato de uma mulher, a população de Tracuateua, no nordeste paraense, incendiou ontem (segunda feira, 8) a delegacia de Polícia Civil durante protesto que teve até um tiroteio que atingiu três manifestantes. A ação dos moradores começou na tarde do msmo dia, para reivindicar por mais segurança pública, após a morte da Maria Ivonete da Silva, 41 anos, às 10h de domingo, 7. Duas pessoas morreram durante a manifestação, em choque com a polícia. O corpo de Maria Ivonete foi avistado no lixão de Tracuateua por um senhor que passava no local e foi até a delegacia informar o ocorrido. Após investigação, a equipe da Polícia Civil que atua em Tracuateua conseguiu prender o autor do latrocínio: Martinho Ferreira Corrêa, conhecido em Tracuateua como “Galo Cego” e, em Bragança, como “Tatu”, réu confesso, que ficou detido em Bragança até as 19h de segunda, 8, quando foi conduzido para o PEN 1, em Marituba. Ele assumiu ter matado a vítima para roubar a bicicleta, bem como as compras que levava para sua casa, na comunidade do Paca, em Tracuateua.

REVOLTA - A revolta dos moradores foi externada na tarde de segunda feira, após o sepultamento da primeira vítima, Maria Ivonete. “O réu já havia sido localizado e detido pela equipe de Tracuateua desde domingo, porém o radialista Jairo Sousa, da Princesa FM, insuflou a população o que pôde, influenciando a revolta do povo”, disse Marta de Oliveira Corrêa, investigadora da Polícia Civil, a serviço em Tracuateua. O cortejo saiu do cemitério para a delegacia. Esbravejando com o policiamento local, populares apedrejaram o prédio então comandado pelo delegado Abreu, até que o mesmo deixasse o logradouro escoltado, numa viatura, juntamente com a investigadora Marta, em direção a Bragança. Com a saída dos supostos alvos da revolta, acreditou-se em dispersão, mas a sequência de pedras atiradas em direção à delegacia e aos policiais, fez com que respondessem com tiros, atingindo dois manifestantes: Gebeoni Furtado Procópio, 18 anos, conhecido como “Gê”, que levou um tiro na cabeça e teve morte imediata, e Isaias Neves, 19, alvejado com dois tiros, chegou a ser hospitalizado em local não revelado, mas morreu também. Após a remoção de Isaias pela polícia, os policiais deixaram a delegacia de Tracuateua, que foi invadida e incendiada pelos manifestantes. Além da queima de móveis, equipamentos, dois veículos, três motos e arquivos, a população ateou fogo no prédio que foi arruinado pelas chamas. A situação só se acalmou com a chegada de duas viaturas da Rotam e do Tático de Salinas e Castanhal.