Do blog Perereca da vizinha
Burrice, aparelhamento do Estado, violento atentado à Democracia. São essas as características que saltam aos olhos, nesse triste episódio do fechamento da Rádio Tabajara.
Como vocês todos sabem, estou trabalhando na campanha de Simão Jatene ao Governo do Estado.
Por isso, me “desincompatibilizei” deste blog. Em respeito a vocês, em respeito às regras do jogo democrático. Em respeito até a mim mesma.
Mas o fechamento da Rádio Tabajara é de uma violência tamanha, que não vejo como não me manifestar.
Até porque este espaço é meu – e não de qualquer partido ou candidato. E a minha convicção é de que a Democracia é maior – infinitamente maior – do que qualquer um de nós. Ela é um bem inestimável que deixaremos aos nossos filhos e netos. Daí que não podemos titubear na defesa dela.
A Democracia sangra no estado do Pará.
Não, não é simplesmente o Carlos Mendes, o Francisco Sidou ou eu ou você: quem sangra é a Democracia.
O que aconteceu com a Rádio Tabajara foi, sim, censura. A mesma censura imoral, ilegal, opressiva e vagabunda que afligiu a todos nós, durante a ditadura militar.
Porque pouco importa a convicção, a ideologia de quem realiza a censura: ela sempre será imoral, ilegal, opressiva e vagabunda.
Nunca imaginei ver os companheiros petistas – os companheiros petistas com a sua longa história de luta pela Democracia – baterem no fundo do poço no que diz respeito à liberdade de expressão.
É uma coisa que choca, dói. Porque não estamos a falar de cidadãos descomprometidos com o Brasil. Mas de companheiros que muitas vezes arriscaram a própria vida pela construção de um País mais justo e democrático.
Sempre disse neste blog, que nunca vi grande diferença entre o PT e o PSDB – ou entre o PSDB e o PT, como vocês preferirem.
No fundo, queremos a mesma coisa: um Brasil de 200 milhões de cidadãos.
Mas hoje eu vejo que há, sim, pelo menos uma diferença entre tucanos e petistas: nós, os tucanos, “padecemos” – se é que se pode chamar assim – de aversão profunda ao autoritarismo.
“Sofremos” de tolerância zero à intolerância.
Acreditamos sinceramente – e não apenas nos discursos de palanque – nos princípios e instituições democráticas.
E Democracia ou é para todos, ou não é para ninguém.
A Frente Acelera Pará, da minha xará, a governadora Ana Júlia Carepa, sentiu-se ofendida por comentários dos jornalistas Carlos Mendes e Francisco Sidou.
É um direito da Frente Acelera Pará se sentir ofendida. Assim como é um direito dela buscar os meios que a Democracia admite, para evitar ser novamente “ofendida”.
A Frente poderia, por exemplo, enviar um pedido de direito de resposta à Rádio Tabajara. Ou poderia mandar um assessor de imprensa à emissora, para dizer, em entrevista: “não, a coisa não foi assim. Vocês estão enganados”.
A Frente poderia até mesmo protocolar um pedido para que o TRE advertisse e multasse a Rádio Tabajara, se ela estivesse, de fato, a extrapolar os limites da legislação eleitoral. Eis que todos nós – jornalistas, médicos, advogados, políticos – temos, sim, de abaixar a cabeça diante das regras do jogo democrático.
O que não pode é fechar a rádio – porque aí a coisa toda se transforma em terrorismo de Estado.
Ora, a Frente Acelera Pará protocolou denúncia ao TRE contra a Rádio Tabajara. No dia seguinte, agentes da Polícia Federal e funcionários da Anatel fecharam a emissora.
Certamente que o PT tentará nos convencer de que tudo não passou de “mera coincidência”.
E nós poderíamos até conceder o benefício da dúvida aos companheiros petistas, se tal não equivalesse a acreditarmos em mula sem cabeça. Até porque é pública e notória essa mania petista de aparelhar o Estado; de sujeitar o Estado ao partido.
Não dá para rifarmos princípios por causa de uma campanha eleitoral – a Democracia vale muito mais do que isso!
Não dá para simplesmente usar a polícia, o aparato repressivo do Estado, contra a liberdade de expressão.
O que o PT suprimiu não foi simplesmente a Rádio Tabajara. O que o PT calou não foi simplesmente a voz do Carlos Mendes ou do Francisco Sidou.
O que o PT fez – por sua arrogância, por sua incapacidade de conviver com a crítica – foi espancar, pisotear a Democracia brasileira. A Democracia que custou até as vidas de milhares de companheiros.
O fechamento da Rádio Tabajara não é “uma coisa menor”: é um atentado terrorista de Estado contra a liberdade de expressão.
O Brasil e o Pará não merecem isso. O PT e os petistas não merecem isso.
O PT, com a sua bela história desde o nascedouro: a luta do movimento popular por Democracia e Justiça Social.
A luta pela liberdade de expressão; a luta contra o monopólio dos meios de comunicação; a luta para que veículos como a Rádio Tabajara pudessem, afinal, existir.
Minha xará e a sua DS perderam o rumo e a compostura. E se alguma vez tiveram compromisso com a Democracia, acabaram de rompê-lo.
Lamento que o PT e os companheiros petistas, com o seu silêncio obsequioso, acabem por referendar esse atentado terrorista contra a liberdade de expressão.
No caso do PT, fechar uma rádio por causa de crítica a esse ou aquele governante, a esse ou aquele candidato é rifar os próprios ideais.
E eu só lamento é ter chegado este dia em que sou obrigada a dizer: até que ponto pode ir o PT pela simples manutenção do poder.
FUUUIIIIIIIII!!!!!!!
---Esta mensagem foi enviada via sistema automático da Rede Pró-Pará.Leia mais em: http://www.redepropara.com.br
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