sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O que pensam os jovens eleitores?



Os jovens demonstram ao mesmo tempo descrença e esperança


Desencanto e descrença nos políticos. Preocupação com o futuro e esperanças são os sentimentos que parecem mover os jovens paraenses neste período de plena campanha eleitoral.No Pará, os eleitores com idade entre 16 e 18 anos somam cerca de 2,3 milhões. Eles não são obrigados a votar e muitos confessam ter tirado o título de eleitor apenas como mais um documento. Para entender o que se passa com esses jovens eleitores que exercerão o direito de escolha pela primeira vez, o DIÁRIO reuniu, num debate, estudantes da escola estadual de ensino médio Orlando Bitar no centro de Belém. A escolha não foi por acaso. Estudantes de escolas públicas, eles são usuários também de outros serviços públicos como a saúde e estão mais vulneráveis a problemas como a violência. Elison Soares, 18; Luan Mendes, 16; Thayana da Silva, 17, Raíra Barros, 17; Marcos Melo, 18 anos, Luciane Oliveira, Leonardo Cordeiro, 21 anos e a caçula da turma, Maria Naiane Santos, 15 anos (que ainda não tem título, mas quis participar) conversaram com a reportagem sobre sonhos, medos e, principalmente, sobre expectativas e falta de encanto com os políticos.
Todos, à exceção de Naiane, vão votar, mesmo que alguns ainda não sejam obrigados. Elison confessa que tirou o título por obrigação, mas afirma que agora, com o documento em mãos quer “exercer o direito de votar”, embora afirme que não gosta de política. Sente-se apenas obrigado a acompanhar o processo porque sabe que é importante.Os colegas fazem coro. Todos dizem que detestam falar de política, mas acham que são obrigados a buscar informações sobre o assunto. Nenhum deles se encantou com o horário eleitoral gratuito. Preferem acompanhar o processo pelos telejornais. Dos oito entrevistados, só metade tem acesso à Internet de casa. Os demais acessam a rede da escola. O site mais popular entre eles é o orkut, mas dizem que vez ou outra procuram também notícias.Apesar disso, nenhum dos jovens entrevistados escolheu o candidato ao governo. Acham que só vão ter condições de fazê-lo após os debates eleitorais. “No programa (eleitoral gratuito) os candidatos mostram só coisas boas, no debate dá para saber como eles respondem, ver a postura”, afirma Raíra, resumindo a opinião dos colegas.Além do debate, eles admitem que a opinião da família influencia na hora de escolha. Raíra por exemplo já sabe que votará nos pastores da igreja que frequenta para deputados estadual e federal. Ainda não decidiu os outros votos. Elison tem um parente que é candidato e decidiu que votará nele também.Jovens, estudantes de escola pública, sem plano de saúde, eles elegem a educação e saúde como as prioridades do próximo governador. “Um dia por acidente caiu álcool nos meus olhos. Esperei 12 horas para o médico me receitar um colírio”, conta Elison, um dos mais falantes da turma. Raíra faz coro: “Meu irmão tomou uma injeção errada no Pronto-Socorro e quase morreu”.Há preocupação também com a geração de emprego e violência, mas na opinião deles, tudo poderia ser melhor se houvesse mais investimentos em educação. Indagados sobre o que diriam para o futuro governador ou governadora do Pará, foram unânimes em pedir projetos que ajudem a qualificá-los para o mercado de trabalho.“Se o governo cuidasse 50% mais da educação já estaria bom”, diz Luan. “Existem empregos, mas não tem gente capacitada. Eu pediria projetos que ajudassem a qualificar o jovem”, afirma Elison.“Educação é o primordial. A pessoa que tiver acesso a uma boa educação ela não vai procurar outras coisas”, afirma Leonardo. “Tendo educação, cultura, algo a mais, não tem por que procurar outro caminho”, concorda Luan.Dos oito jovens no debate, quatro já foram assaltados. Por essa razão também querem mais segurança. Acham, por exemplo, que o Pará perdeu a Copa por causa da falta de segurança no Estado. Todos reclamam da falta de lazer para os jovens no Pará.Marcos sugere que as escolas fossem também polos incentivadores das artes e dos esportes. “Isso seria bom para tirar as pessoas das drogas, do crime”, ensina.
DESENCANTO - “Eu até entendo: eles fazem tanta promessa que isso deve cansar tanto que depois eles esquecem o que prometeram”. A frase irônica é do jovem Luan, de 16 anos, que votará pela primeira vez, mas já carrega todo o desencanto com os políticos.Os jovens não acreditam que os candidatos possam cumprir as promessas e todos afirmam que os políticos roubam. “Eu vi no jornal o caso daquele cara que tem um castelo. Me diz se com um salário dele dava para comprar um castelo daquele porte?”, indaga Elison, referindo-se ao escândalo envolvendo o deputado Edmar Moreira do DEM de Minas Gerais, que ficou famoso por ter um castelo avaliado em mais de R$ 20 milhões.Apesar do desencanto com os políticos, sobraram críticas também para a mídia. “A gente cansa de ver tanta coisa errada, apesar de a mídia mexer com a imagem das pessoas. Se quiser colocar alguém como mocinho, coloca, e se quiser colocar como bandido, coloca. Vai da gente procurar a resposta certa”, sentencia um desconfiado Luan.Leonardo acha que o mundo pode melhorar, mas também assume que os jovens podem ajudar. “A gente tem que fazer a nossa parte. Como no caso do lixo, não dá para pensar que porque todo mundo joga eu vou jogar”Indagados sobre as esperanças para o futuro, os jovens alunos do Orlando Bitar revelam uma mistura de otimismo e incredulidade. “Eu sou brasileiro e não desisto nunca (risos)”, brinca Elison.“Eu acredito que vai chegar um dia em que vai mudar, mas precisa ter a pessoa certa que queira mudar a nossa situação. A nossa esperança é de mudar” pondera Raíra.“Tenho esperança sim. Um dia vamos ser um país desenvolvido”, emenda Marcos, o único da turma que diz estar entusiasmado com a eleição. (Diário do Pará)

Um comentário:

  1. bom eu não confio nos os politicos nos dias autais falam pois eles chega eleição acabam falando de mais e nem cumprem o falam de verdade...

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