quarta-feira, 27 de março de 2013

Com PEC, aumenta a procura por agências especializadas em diaristas


Um dia após a aprovação da PEC das Domésticas pelo Senado, as agências de empregadas e diaristas afirmam que já têm sido consultadas a respeito do assunto. Segundo as empresas, a procura vem sendo registrada desde o começo do ano. As ligações são tanto de patrões que pensam em substituir a atual empregada por uma diarista, por exemplo, como de domésticas querendo entender o que vai mudar na vida delas.
A proposta aprovada pelo Senado amplia os direitos trabalhistas das domésticas, que passam a ter direito a receber horas extras e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Diaristas, no entanto (empregados que trabalham na casa até duas vezes por semana), não se enquadram nas novas regras.
“Quando a notícia começou a aparecer, há mais de um mês, muita gente começou a ligar. Tem cliente que não trabalhava fora e tinha empregada doméstica e já resolveu mandar embora para contratar diarista”, conta Cláudia Moreira, proprietária da agência Elite Brasil, que atua em São Paulo há oito anos. “Hoje mesmo recebi o pedido de uma cliente que não trabalha fora e vai substituir a empregada que dorme em casa.”
“Muita gente já demitiu no final do ano, para se livrar do 13º na hora de pagar a rescisão”, comenta Fernanda Maria do Rosário Silva, dona da Diaristas Express, que atua em Niterói há três anos.
A empresa de Fernanda trabalha com diaristas e serviços gerais somente para escritórios. Mas a procura por diaristas tem crescido tanto que agora ela está pensando em oferecer os serviços também para residências – muito em função da aprovação da lei.
Segundo a empresária, ela notou aumento dos dois lados: de empregadores que demitiram ou estão pensando em demitir, e de trabalhadoras que querem se dedicar exclusivamente à diária.
“Por dia, atualmente, tenho recebido cerca de 20 currículos”, diz. “As meninas não querem trabalhar fixo, mesmo com todos estes direitos. A diária custa, no mínimo, R$ 100. É mais vantajoso ganhar R$ 100 por dia, porque na semana dá para tirar R$ 500.”
Para ela, a aprovação da lei foi muito importante sob o ponto de vista de respaldar a trabalhadora, mas ela enxerga alguns pontos negativos. Um deles é a mudança de postura do empregador.
“Como as exigências para o empregador estão muito maiores, tem muito patrão que está querendo ‘arrancar o couro’. Acaba sendo ruim, de certa forma. Fica caro para o patrão e ele passa a exigir demais da pessoa.”
Gilvane Silva, diretor da agência de empregos Humaitá, estima o aumento recente de pedidos de diaristas em torno de 20% a 25%. “Muita gente também está nos procurando para entender essa nova lei”, diz.
“A residência que não tiver um bebê, um idoso para ser cuidado, vai acabar optando pela diarista. Vai ser mais cômodo. Assinou o recibo, perdeu completamente o vínculo”, opina.
Ele, porém, faz algumas críticas à nova lei. “O que vai acontecer é o seguinte: a doméstica vai exigir seus direitos, mas na hora da contrapartida, muitas não vão querer dar. Se o patrão descontar o INSS, algo que ele tem direito de fazer, vai dizer que está roubando ela. Se exigir que entre às 8h e saia às 17h, vai achar ruim, porque o serviço acabou às 16h.”
Mudança na rotina
A dentista Amanda Honório Mandetta tem uma babá que trabalha além das oito horas diárias regulamentadas pela nova lei. Para não ter que demitir a funcionária, ela disse que terá que mexer na rotina doméstica.
“A gente vai ter que se adequar. É lógico que complica muito. Não tenho como pagar mais, então, vou ter que buscar uma alternativa. Meu horário é mais flexível e do meu marido também. Um vai ter que ficar com o filho na parte da manhã, daí a babá entraria mais tarde e sairia mais tarde. Mas é uma situação complicada.”
Ela acredita, no entanto, que outras pessoas que estejam em situação parecida e não tenham flexibilidade de horário vão acabar demitindo seus funcionários. “Empregado doméstico que vai cuidar da casa, da cozinha, não vejo tanto problema com relação ao horário. Com relação à babá, vai complicar muito. Não é todo mundo que vai conseguir ter uma babá, vai virar raridade.”
Além da babá, Amanda também conta com a ajuda de uma diarista, duas vezes na semana. Ela e o marido pensavam em contratar uma empregada doméstica, mas desistiram. “Eu acho que o desemprego vai aumentar, ou as empregadas vão ter que ganhar menos, porque vai diminuir a procura.”
fonte: G1

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