O Senado aprovou nesta terça-feira (19), por unanimidade, com 70 votos
favoráveis e nenhum contrário, a proposta de emenda à Constituição
conhecida como PEC das Domésticas, que amplia direitos dos trabalhadores
domésticos. O texto, que já foi aprovado na Câmara, ainda precisa de
aprovação em segundo turno pelos senadores. A votação está marcada para a
próxima terça (26); depois disso, se aprovada, a PEC vai à promulgação
pelo Congresso Nacional.
No fim da tarde, líderes dos partidos informaram que a PEC não seria
votada esta semana, ao contrário do que havia sido informado
inicialmente pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). No
entanto, em plenário, Renan sugeriu que o primeiro turno da votação
fosse realizado no mesmo dia.
O texto aprovado garante 16 direitos trabalhistas de babás, faxineiros e
cozinheiros, dentre outros trabalhos exercidos em residência, que já
são assegurados aos trabalhadores urbanos e rurais (veja na tabela ao
lado).
Os profissionais passarão, por exemplo, a ter direito ao Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e ao pagamento de horas extras.
Também fica garantido o direito ao recebimento de salário não inferior
ao mínimo.
De acordo com a relatora do projeto na CCJ, senadora Lídice da Mata
(PSB-BA), dados da Federação Nacional dos Empregados domésticos apontam
que 94% dos 9,1 milhões de trabalhadores do setor são mulheres. 84%
desse total são negros.
Regulamentação
Alguns dos principais itens da proposta ainda vão precisar de
regulamentação. Entre eles, estão o FGTS, a proteção contra demissão sem
justa-causa, o seguro-desemprego e a assistência gratuita de creche
para filhos de empregados de até cinco anos.
O texto aprovado pela Câmara incluía a licença-maternidade de 120 dias
entre os itens que deveriam ser regulamentados. No entanto, uma
alteração na redação foi incluída na CCJ do Senado com base em emenda
apresentada pelo senador Paulo Bauer (PSDB-SC) e a licença passa a valer
automaticamente assim que a lei for promulgada.
Após a aprovação da PEC, a ministra da Secretaria de Política para as
Mulheres, Eleonora Menicucci, esteve no Senado e comemorou a aprovação
da PEC. "Estamos definitivamente retirando as mulheres trabalhadoras
domésticas do sistema de escravidão no nosso país", disse a ministra. "O
Senado hoje se inscreveu na história da libertação da mulheres."
Em relação aos trechos da PEC que precisam de regulamentação, a
ministra disse que é preciso avançar "passo a passo". "Agora era para
aprovar na Câmara e no Senado. Vamos agora aguardar a promulgação pelo
Senado semana que vem, depois é outro passo. O governo fará isso com a
maior lealdade e respeito às trabalhadoras domésticas", disse.
Fonte: G1
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