foto: Eliseu Dias (AG Pará)
Homens da Polícia Militar garantiram a segurança da população durante a tradicional Malhação de Judas no bairro da Cremação, em Belém, neste sábado (30). Foram deslocados 50 policiais militares com o aporte de sete viaturas, sete motocicletas e seis homens da cavalaria, além do reforço de homens da Guarda Municipal de Belém.
Homens da Polícia Militar garantiram a segurança da população durante a tradicional Malhação de Judas no bairro da Cremação, em Belém, neste sábado (30). Foram deslocados 50 policiais militares com o aporte de sete viaturas, sete motocicletas e seis homens da cavalaria, além do reforço de homens da Guarda Municipal de Belém.
O sábado de aleluia é esperado pelas associações do bairro que se organizam durante o ano todo para “malhar” as mazelas sociais. Além da malhação de Judas, a programação contou, ainda, com brincadeiras como corrida de saco, quebra-pote e brincadeiras populares que envolveram cerca de 300 crianças do bairro da Cremação e adjacências.
O momento foi de diversão e confraternização entre vizinhos que passam de geração em geração a tradição de confeccionar bonecos e refletir sobre temas atuais considerados traidores da segurança, saúde e educação da população. Este ano os coordenadores das associações que organizam a festa chamaram atenção para o combate à violência contra mulheres e crianças, ao tráfico humano para fins de exploração sexual e para a corrupção política.
O coordenador da Associação dos Malhadores de Judas da Passagem Teixeira (localizada entre Fernando Guilhon e passagem São Miguel), Cleber Melo, afirma que além da consciência da população local em manter a tradição, são realizadas oficinas de confecção de bonecos com crianças e jovens da comunidade. “Ensinamos como e quais materiais podem ser reciclados, como as crianças podem fazer os bonecos e incentivamos pais e filhos a refletirem sobre temas como exploração sexual, pedofilia e violência de modo geral. Sabemos que ao pontuarmos estas reflexões elas são levadas pelos meninos e meninas para casa e para suas escolas. É uma forma de alertamos a comunidade quanto a isso. As oficinas são realizadas três finais de semana antes do evento”, frisou.
Cleber cresceu quebrando potes e vivenciando as brincadeiras que, hoje, a associação a qual coordena busca resgatar realizando três vezes por ano o projeto que chamam de Brincadeiras Tradicionais. “Vamos realizar estes eventos que resgatem as nossas brincadeiras de rua, pois são saudáveis e as crianças gostam muito”, disse o morador.
José Ricardo Nascimento também é morador do bairro desde que nasceu, há 50 anos, e coordena a Associação Cheiro Cheiroso (que dá nome a uma escola de samba tradicional da comunidade) e para ele este é um momento de alegria e de pedir paz, segurança, educação e cultura para toda população paraense.
Com apenas 12 anos, Ronald Sampaio já ganhou três vezes a tradicional brincadeira do quebra-pote. Com uma máscara no rosto, também confeccionada pela comunidade, o adolescente foi com o bastão na mão e acertou em cheio o pote colorido. Ao quebrá-lo, uma chuva de bombons caiu sobre o chão atraindo os colegas que acompanham a performance do quebrador. Uns davam as diretrizes corretas, outros, as erradas. Todos a fim de que a fila passasse mais rápido e pudessem ter a chance de participar da brincadeira.
Com 63 anos de existência no bairro da Cremação, em Belém, a Malhação do Judas acontece no sábado de aleluia precedendo o domingo de Páscoa e lembra a traição de Judas Escariótes – homem que traiu Jesus Cristo por 30 moedas, que equivaliam a dinheiro na época. Moradores afirmam que a tradição no bairro teve início porque os vizinhos “malhavam”, ou seja, condenavam ou falavam mal de outros vizinhos, gerando confusões e envolvimento da polícia. Foi a partir daí que decidiram tornar o momento brincante e festivo, promovendo a confraternização de todos.
Durante o ano as associações buscam parceiros que lhes forneçam papéis não utilizados, em especial jornais, para realizar as oficinas. Além dos papéis, são utilizados talos de miriti – para fazer o esqueleto do boneco – e goma de maisena, esta última funciona como substância que adere o jornal ao talo de miriti. Depois do protótipo vem a pintura e as roupas.
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