terça-feira, 18 de agosto de 2009

Lina diz que Judiciário já havia pedido para acelerar investigações e nega pressão de Dilma

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Em depoimento à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira disse nesta terça-feira que servidores da Casa Civil presenciaram sua ida ao Palácio do Planalto para audiência com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

Lina afirmou que, apesar de ter se reunido a sós com Dilma, passou por várias salas onde trabalhavam servidores do governo federal. "Na sala dela, só estavam eu e ela. Mas antes de chegar à sala, passei por outras salas em que tinham outras pessoas", afirmou. A ex-secretária negou, porém, que tenha sido pressionada por Dilma para acelerar as investigações sobre familiares do senador José Sarney (PMDB-AP).

"Não senti no pedido da ministra qualquer pressão. (...) Eu interpretei que era para dar um andamento célere, resolver as pendências e encerrar a fiscalização", disse.
Antonio Cruz/Agência Brasil

Lina Vieira confirma encontro com Dilma, mas diz que não há registro em sua agenda

Lina Vieira afirmou que não tem como comprovar o seu encontro com a ministra, nem mesmo a data precisa em que ocorreu, uma vez que não foi registrado em sua agenda oficial de trabalhos.
"Eu disse que não me lembrava do dia que estive com a ministra porque não constou da minha agenda pessoal. Não constou na minha agenda nem da dela [Dilma]. Eu acho que fica a minha palavra e temos a palavra da ministra. Eu não vim aqui para dizer mentira. Ter ou não agenda não vai comprometer a verdade. Nas nossas agendas oficiais não constava", afirmou.
Lina disse aos senadores que, antes da ministra, o Poder Judiciário já havia pedido para a Receita Federal acelerar as investigações sobre a família do presidente do Senado. "O Judiciário determinou que agilizasse essa fiscalização, era a determinação do Judiciário nesse sentido e a Receita está cumprindo", disse.
A ex-secretária disse que não informou ao ministro Guido Mantega (Fazenda) sobre a sua ida à Casa Civil para o encontro com Dilma. "Eu não comentei. Eu saí da Receita Federal e disse à minha chefe de gabinete que estava indo à Casa Civil", afirmou.
Lina Vieira se recusou a dar detalhes do processo que investiga familiares do senador Sarney durante depoimento à CCJ. Segundo a ex-secretária, o processo tramita em sigilo --por isso não é possível revelar detalhes do seu conteúdo.
Embate
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A estratégia de senadores aliados de Sarney é tentar desqualificar o depoimento da ex-secretária, com perguntas que possam comprometer a sua versão dos fatos.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE) chegou a questionar se Lina Vieira tem conhecimento do crime de "prevaricação" por não ter revelado publicamente, antes da entrevista à Folha, que recebeu um pedido da ministra Dilma.
Lima trocou farpas com o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que criticou as perguntas do colega. "Eu exijo respeito. O meu tratamento é de Vossa Excelência. Goste Vossa Excelência ou não. Não me chame de você", disse Lima.

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