domingo, 30 de maio de 2010
PESCA - PF E MPF INVESTIGAM FRAUDES NO DEFESO
ATÉ LIDERANÇAS DE COLÔNIAS DE PESCADORES PODEM ESTAR POR TRÁS DE ESQUEMA
É mais grave do que se pensa o esquema de fraudes do seguro defeso no Pará. As denúncias se avolumam, mas até agora nenhuma providência foi tomada para apurar tudo. No meio das fraudes há clara influência política para que nada seja investigado. O uso da máquina financeira do governo federal em benefício das quadrilhas é assustador. O Estado teria hoje 130 mil pessoas cadastradas como pescadores...
recebendo o seguro defeso, segundo novas denúncias encaminhadas ao DIÁRIO. Esse número pode não ser real, mas quem pode desmenti-los?
Os verdadeiros pescadores, contudo, estão literalmente a ver navios, contemplando ao largo da costa paraense a passagem superlotada do transatlântico da impunidade. Cópias das denúncias encaminhadas ao DIÁRIO também estão em poder do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal. O esquema, simples, mas bem azeitado, funciona a todo vapor no período de cadastramento de pescadores para recebimento do seguro defeso.
Emissão de carteiras serviriam a interesses eleitoreiros.
O esquema de fraude entra em ação da seguinte forma: a informação passada aos interessados é de que eles devem entregar certa quantia em dinheiro, cuja metade seria para providenciar a carteira de pescador e a outra metade para remunerar quem faz o serviço. Se o dinheiro não é entregue, a emissão da carteira é cancelada. Fica apenas a promessa de que o documento sairá no ano seguinte - dependendo, é claro, do acerto.
Tanto é verdade que o próprio presidente da entidade, José Cícero, foi candidato a vereador nas eleições passadas e agora quer eleger Miriquinho a deputado federal e Chico, estadual. A Z-81, mesmo com apenas três anos de existência tem mais de dois mil filiados aptos a receber o seguro.
Com ramificação em Limoeiro do Ajuru, o esquema é sustentado na Colônia Z-46 pelo presidente da entidade, Raimundo Cavalcante, apontado no documento como autêntico cabo eleitoral de Miriquinho Batista e de Paulo Sérgio, o Chico. Na eleição de 2006, Cavalcante conseguiu dois mil votos para o petista, Suas demandas hoje na Colônia são tidas como “prioritárias”.
De oito mil pescadores cadastrados na Superintendência de Pesca do Pará pela Colônia Z-53, do município de Breu Branco, 70% são falsos, sustentam as denúncias entregues às autoridades. No meio de pescadores autênticos, a maioria dos filiados só viu peixe já pronto, na mesa. Nunca jogou rede no rio ou “despescou” curral.
Em Breu Branco tem mototaxista, dona-de-casa, estudante, comerciante e pessoas estranhas de outros municípios que jamais tiveram qualquer vínculo com a pesca, seja de peixe, caranguejo, ou camarão.
Em Tucuruí, Cametá e Baião o esquema é o mesmo. O presidente Edson Figueira traz os processos para Belém, entrega-os nas mãos de Chico e este manda confeccionar as carteiras, “sempre com datas retroativas de um a dois anos”. Em troca, os “pescadores” passam a apoiar Miriquinho e o próprio Chico. O negócio é mais sofisticado nos municípios de Chaves e Muaná, na região do Marajó.
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