quarta-feira, 29 de julho de 2009

O PIONEIRO DO BOLSA ESCOLA

DE OLHO NA NOTÍCIA
Educação e Bolsa Família Folha Opinião - 16/03/2008 Antônio Ermínio de Moraes
OS RESULTADOS de uma pesquisa recente, publicados pelo Estado, foram muito preocupantes. Eles dizem que os filhos dos que recebem Bolsa Família estão abandonando a escola precocemente ("Abandono escolar cresce entre dependentes do Bolsa Família", 9/3/08). Foi a pior notícia que li nos últimos tempos. Nada é mais urgente neste país do que uma boa educação.
O pioneiro Bolsa Escola, criado pelo ex-prefeito de Campinas José Roberto Magalhães Teixeira, na década 90, foi um grande achado, porque introduziu um sistema de reciprocidade que deu como resultado a redução da evasão escolar: a família recebia um reforço de renda com o compromisso de manter seus filhos na escola e com bom aproveitamento.
O então governador Cristovam Buarque introduziu o sistema na capital federal, e o presidente Fernando Henrique ampliou-o para todo o Brasil. Foi um sucesso. O programa ganhou a atenção internacional. A reciprocidade era o cerne daquela ação.
Na pesquisa apresentada pelo Estado, a taxa de evasão escolar dos que recebem Bolsa Família cresceu entre 2002 e 2005. Em alguns casos, a taxa mais do que dobrou. Isso é grave, muito grave. O que está havendo? Os controles afrouxaram? A reciprocidade acabou? O valor da ajuda se deteriorou?
O Bolsa Família paga R$ 58 por família e mais R$ 18 por filhos entre 0 e 15 anos nas situações familiares em que a renda per capita é inferior a R$ 60. Após os 15 anos, o filho deixa de receber a sua parcela.
Na referida pesquisa, alguns professores afirmaram que muitos dos seus alunos só estão na escola por causa daquela ajuda. Assim que completam os 15 anos, vão embora.
O Ipea indica também que a evasão mais alta é dos adolescentes mais velhos, o que levou o Ministério da Educação a estender o reforço de renda até os 17 anos.
Com isso, o pagamento máximo para uma família subirá dos atuais R$ 112 para R$ 172, desde que ela mantenha na escola os seus filhos entre 15 e 17 anos.
Se esse é o problema, tudo indica que o Brasil precisará ir aumentando o benefício do Bolsa Família para atingir seus objetivos. De um lado, a referida extensão tranqüiliza, porque manteremos os brasileiros na escola por mais tempo. De outro, preocupa, porque muitos ficarão na escola só para receber essa ajuda.
Por isso, precisamos saber qual é o desempenho real dos alunos mais velhos mantidos com o Bolsa Família. Esse dado é essencial para saber o valor do programa nos dias de hoje.

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