Parte do PR, que tem como presidente regional o ex-deputado Anivaldo Vale, começa a debandar da campanha da “Frente Acelera Pará”, reunião de 14 legendas formada para apoiar a reeleição da governadora Ana Júlia (PT), que tem o próprio Anivaldo como vice em sua chapa.O primeiro que anunciou publicamente a decisão de abandonar Ana Júlia para ingressar no ninho da campanha tucana de Simão Jatene é o deputado estadual Adamor Aires (na foto), eleito em 2006 com 23.500 votos e novamente candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado.No último sábado, num comício em Capanema, Adamor subiu ao palanque de Jatene e anunciou que decidira, juntamente com seus aliados na região nordeste do Pará, aderir à candidatura do tucano.
Posição conhecida - Em conversa com o blog por telefone, no início da tarde de ontem, Adamor, que naquele momento estava em Santa Luzia do Pará, não apenas confirmou ter desertado da “Frente Acelera Pará” como revelou que sempre foi contrário a uma aliança do PR com o PT. “Passei a apoiar o Jatene, sim. Essa minha posição já era conhecida anteriormente. Estou apenas exteriorizando agora”, contou o parlamentar ao blog.Adamor informou que já deu conhecimento de sua decisão ao presidente do partido, Anivaldo Vale, a quem se referiu de forma elogiosa, muito embora, a partir de agora, ambos estejam em campos opostos.“Tenho um grande respeito pelo Anivaldo. Tenho por ele um grande carinho, uma grande simpatia. Ele tem o meu reconhecimento por seu trabalho na organização partidária. Ele é um quadro importante da política paraense”, destacou o parlamentar.Adamor Aires, segundo disse ao blog, considera que o governo Ana Júlia nunca honrou compromissos com aliados, tratou com desprezo e consideração, durante este quase quatro anos, a Assembleia Legislativa e, além de tudo isso, não está fazendo uma boa administração.
Elogios a Anivaldo - O parlamentar disse que, na mensagem em que comunicou à direção do partido sua decisão de debandar da campanha de Ana Júlia, deixou claro que o fazia “porque eu não posso me curvar a um projeto de governo que não respeita os aliados, que não respeita o povo paraense, que não respeita mais ainda o Poder Legislativo do Estado. Porque este governo realmente não respeita o Poder Legislativo paraense”.O deputado contou que, internamente, todos no PR sabiam de sua resistência ao apoio à recandidatura de Ana Júlia. “Eu colhi, desde o princípio, o sentimento de que o partido não fizesse uma aliança com o PT. De certa maneira, nós fazíamos esse tipo de explanação aos nossos companheiros, aos nossos dirigentes, inclusive ao deputado Anivaldo. Mesmo assim, a direção partidária resolveu fazer essa coligação com o PT. Mas chega um determinado momento em que você não suporta mais aquilo que está dentro de você. Você quer, na verdade, exteriorizar para os seus amigos, para a sua base eleitoral. Ficaria muito estranho que nós, aqui da base, compactuássemos como este governo”, justificou o parlamentar do PR. Ele acrescentou que não houve uma gota d’água, não houve uma motivação específica para que aderisse a Jatene. “Isso vem se acumulando durante o próprio mandato da governadora. Mas talvez o que mais pesa numa hora dessas é a pressão da nossa base política. São os nossos vereadores. São os nossos prefeitos, é a própria população, que fica próxima da gente aqui no interior e que cobravam, exigiam uma postura, uma posição. E não podemos fugir da raia numa hora dessas”, confirmou.
Prefeitos mudam de barco - Adamor garante que, nas regiões do interior do Pará por onde tem passado, sobretudo a região nordeste, a receptividade ao nome de Jatene em relação à de Ana Júlia é “significativa”, como ele mesmo classificou. O deputado acrescentou que vários prefeitos estão aderindo ao tucano. Mencionou o prefeito de Cachoeira de Piriá, Albenor Pontes, do PMDB, que no último sábado também foi ao comício de Jatene e anunciou publicamente sua adesão ao candidato do PSDB.O deputado contou que a campanha só fez reforçar a sua convicção de que a base partidária do PR sempre esteve incomodada com a aliança do partido com o PT. “Essa minha posição é uma posição isolada, essa exteriorização é isolada. Mas, no fundo no fundo, a nossa militância não está acompanhando a Ana Júlia. Nós estamos notando isso claramente”, reafirmou Adamor Aires.
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