quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Queda de Dilma acirra disputa



Agora, são elevadas as chances de 2o turno


Por Eduardo Simões


SÃO PAULO (Reuters) - As denúncias de corrupção na Casa Civil parecem estar cobrando seu preço da líder da corrida presidencial. A candidata governista, Dilma Rousseff (PT), registrou queda de 3 pontos percentuais, segundo pesquisa Datafolha publicada nesta terça-feira, tornando agora incerta a definição da eleição já no primeiro turno.
Segundo analistas, o movimento não pode mais ser atribuído apenas a um ajuste natural dos eleitores que ocorre normalmente próximo à eleição, sendo resultado também do desgaste sofrido pela petista em meio ao noticiário recente recheado de denúncias.
Dilma caiu para 46 por cento das intenções de voto, em comparação aos 49 por cento cinco dias antes, segundo o Datafolha. José Serra (PSDB) se manteve em 28 por cento e Marina Silva (PV) oscilou 1 ponto para cima e agora tem 14 por cento. Declararam voto branco ou nulo 4 por cento e 7 por cento afirmaram não saber em quem vão votar.
Analisados somente os votos válidos, que excluem os brancos e os nulos, Dilma caiu para 51 por cento e a soma de seus adversários subiu para 49 por cento. Na prática, isso significa que não é possível afirmar se haverá segundo turno, já que a margem de erro do levantamento é de 2 pontos percentuais.
Para Carlos Melo, professor do Insper-Instituto de Ensino e Pesquisa (antigo Ibmec), além da alteração de reta de chegada que tende a acontecer, há um desgaste da candidatura do governo que "há quatro semanas está sob fogo cerrado".
"É como chacoalhar um limoeiro", comparou Melo. "Você sacode ele dez vezes e não cai nenhum limão. Depois volta lá e sacode mais cinco. Caem cinco ou seis limões. Eles caíram porque chacoalhou as cinco vezes ou porque chacoalhou quinze vezes?"
No final do mês passado, Dilma e sua campanha foram atingidas pelas notícias de quebra de sigilos fiscais de pessoas ligadas a Serra, incluindo sua filha. O tema passou a ser recorrente nos ataques de Serra à petista. Vieram então as denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, que levaram à demissão de Erenice Guerra, que foi secretária-executiva de Dilma, quando a candidata chefiava a pasta.
Segundo o Datafolha, desde a última pesquisa realizada antes da saída de Erenice, Dilma perdeu cinco pontos.

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