Segundo os primeiros dados do Censo 2010, o Pará é o próprio mapa da contradição quando o tema é quantitativo populacional. Possui sete dos 19 municípios brasileiros cujo número de habitantes cresceu mais de 100% nos últimos dez anos, mas apresenta pouco mais de um terço de suas cidades "encolhidas", segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009 - e ainda terá em Jacareacanga a maior perda do País no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para 2011. No entanto, durante a divulgação dos dados, ontem à tarde, no escritório regional do Instituto no Estado, o coordenador do IBGE-PA, Antônio José de Souza Biffi, insistia que há mais a comemorar do que a lamentar. "Somos a 9ª unidade federativa mais populosa e estamos em 6º lugar em termos de crescimento nesses últimos dez anos", justificou.
O lote de informações divulgados ontem, que dizem respeito a número de habitantes, quantidade de homens e mulheres e moradores da área urbana e da área rural, é apenas o primeiro de uma leva que só deve ser totalmente apresentada em 2012. De acordo com Biffi, à medida que novos dados forem cruzados, mais estudos sobre a população brasileira e seu modo de vida surgirão.
Em relação a 2009, o Censo revela que 51 - eram 61 na divulgação preliminar de 4 de novembro, vale lembrar - dos 143 municípios paraenses (Mojuí dos Campos ainda consta como parte de Santarém) poderão sofrer perdas em suas receitas por números que indicam diminuição populacional, ou como explica Biffi, por estimativas não atingidas. "Não existe encolhimento, existe uma estimativa feita e que não foi alcançada. Belém, por exemplo, a estimativa que tínhamos era de 1.437.600 habitantes, mas o Censo revelou que são 1.392.031. Belém nunca teve 1,4 milhão de habitantes, era uma estimativa", insistiu, mas sem negar que houve cidades onde de fato se confirmou uma população diminuída. "Foram onze em um universo de 143, um número bastante pequeno", afirmou.
Esses onze, de acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), são Água Azul do Norte, Aveiro, Faro, Inhangapi, Itaituba, Jacareacanga, Monte Alegre, Nova Esperança do Piriá, Senador José Porfírio, Trairão e Uruará. Os três casos mais graves são Jacareaganga, Faro e Itaituba, cidades cujo coeficiente que define o valor de repasse do FPM caiu, respectivamente oito, seis e quatro pontos percentuais - detalhe: cada ponto percentual representa um baque na receita que varia entre R$ 80 e R$ 100 mil. As prefeituras já pediram a recontagem junto ao IBGE e cinco delas vão acionar o Instituto judicialmente por causa da contagem "equivocada", como definiu a Federação das Associações de Municípios do Estado do Pará (Famepa).
Nenhum comentário:
Postar um comentário