sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Urna atrai a curiosidade dos eleitores



Ela não é nenhum bicho de sete cabeças, mas sempre causa estranhamento entre os eleitores. Responsável pelo maior gesto da democracia que é o voto e pela agilização da apuração eleitoral, a urna eletrônica ainda causa temor entre os eleitores e levanta dúvidas sobre como será a votação no dia 3 de outubro, dia do primeiro turno das Eleições 2010.Para ver se os cidadãos de Belém já conhecem a máquina e para responder às indagações da população é que o DIÁRIO convidou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a levar uma urna para a avenida Presidente Vargas durante a manhã de ontem.No início, quando o equipamento foi tirado da caixa e posto na mesa, a reação foi de estranhamento e indiferença. Mas, aos poucos, a curiosidade falava mais alto entre os que transitavam pela Presidente Vargas. Uns olhavam, olhavam e continuavam seguindo, apressados, talvez atrasados.
Mas, não tardou para que as primeiras perguntas aparecessem. “Se eu votar para presidente e não quiser para deputado e governador, eu posso?”, indagou Lucivaldo Seabra, cozinheiro.Convidado a testar a urna, Lucivaldo disse que não está satisfeito com a atuação de alguns políticos e queria votar apenas naqueles que gosta. “Vou ser sincero, não tenho candidatos a alguns cargos”, afirmou. Mas, após dois minutos teclando e conhecendo a ordem de votação, atento às explicações de Ingrid Agrassar, coordenadora da Escola Judiciária do Regional Eleitoral do Pará e Oriel Negrão, coordenador de Infra-estrutura do TRE, ele começou a mudar de idéia. “Acho que vou pensar direito. Entendo agora que posso escolher com mais calma”.Quem se aproximou revoltado e dizendo que não iria trocar sua opinião foi o taxista Paulo Tapajós. Ele afirmou que não iria votar em ninguém, mas logo quis testar a nova urna. “Vou votar tudo nulo. Não quero saber de nenhum desses candidatos”, sentenciou, como se não quisesse qualquer tipo de recomendação. Tecla aqui, ali. Mesmo assim, Paulo continuava irredutível. “Vou apertar esse branco para todos os políticos. Pronto”. E assim, ele seguiu até o seu veículo de trabalho.Pensamento oposto tem o aposentado Raimundo Aguiar, 73 anos. Ele chega perto da urna, olha curioso e sorri, declamando: “A melhor coisa do mundo é a democracia, pois quando não estamos satisfeitos com os candidatos a gente tira eles”, diz. Raimundo era o mais interessado e metódico ao mexer no equipamento.Atento a todas as orientações, ele expressava calma e, às vezes, aproximava a vista da pequena tela para tentar enxergar melhor o que fazia, mesmo que os números e nomes correspondessem a apenas uma simulação, onde o que aparecia na tela eram animais e frutas. O barulho da finalização dos votos traz uma visível satisfação no rosto dele. “A maquina é mais moderna e mais rápido de votar do que escrever em um papel”, garante.Por mais incomum que possa parecer, todas as mulheres que paravam e viam o que aconteciam não quiseram operar a urna. “Ah, mais eu já sei o que fazer no dia da eleição. Mas, achei legal botarem uma urna para quem quiser conhecer”, resume uma senhora que não quis se identificar.Rodrigo Degrandis, 29, office-boy, assim como a maioria dos eleitores, não sabia a sequência de votação. Por isso demorou um pouco mais para votar. Cinco minutos. Algo que ele promete não repetir no dia da eleição. “Vou levar minha cola anotada e na mesma ordem, para não confundir. Não é difícil. É só teclar e esperar a foto para confirmar”, avalia.O mesmo pensamento tem Ribamar Dias, 32 anos, motorista. “Deixar de votar por dúvidas é complicado. Os mais humildes certamente terão dificuldades mas, com prática, a coisa melhora”. Um problema que José Maria Pereira, 61 anos, vendedor, já sentiu na pele. “Já trabalhei como mesário na última eleição. Sempre tem aqueles que demoram mais para entender a votação da urna e outros davam mais trabalho”, avalia.Para evitar justamente a demora na votação e os problemas causados pela votação eletrônica é que o TRE institui o projeto Eleitor Cidadão, que leva justamente as urnas para locais públicos e movimentados, além de distribuir cartilhas e folders. “Nós passamos informações importantes, como a ordem de votação, por exemplo, e que o voto para senador que não pode repetir”, explica Ingrid. “No caso de repetir o voto para senador esperando que sejam computados duas vezes, a urna vai identificar o erro e o voto anula”, exemplifica.

ELEITOR CIDADÃO - PREVENÇÃO - Para evitar justamente a demora na votação e os problemas causados pela votação eletrônica é que o TRE institui o projeto Eleitor Cidadão, que leva justamente as urnas para locais públicos e movimentados, além de distribuir cartilhas e folders. “Nós passamos informações importantes, como a ordem de votação, por exemplo, e que o voto para senador que não pode repetir”, explica Ingrid Agrassar. “No caso de repetir o voto para senador esperando que sejam computados duas vezes, a urna vai identificar o erro e o voto anula”. (Diário do Pará)

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