Saiba também qual é a avaliação sobre o QI do novo deputado federal.
Eleito deputado federal com 1,3 milhão de votos, o comediante Francisco Everardo, o Tiririca, teve de provar na Justiça que sabe ler e escrever, exigência da Constituição para se candidatar a cargo eletivo. O “Fanstástico” teve acesso a detalhes das provas de leitura e QI aplicadas ao comediante, que contratou especialistas para se preparar para os testes.
Os resultados mostram que ele errou oito de dez palavras em um ditado, ignorou o “s” das palavras e demorou cerca de três minutos para ler uma manchete e duas linhas de um jornal. No entanto, em um teste aplicado posteriormente, o desempenho melhorou e ele foi considerado apto a tomar posse como deputado. O Ministério Público afirmou que vai recorrer.
Depois das eleições, Tiririca evitou aparições públicas. Ele passou o mês de outubro em São Paulo, onde se reuniu com especialistas que fizeram todo tipo de teste para avaliar se ele sabia ler e escrever. Foram encontros reservados, aos fins de semana e feriados.
'A principal missão era avaliar o senhor Francisco Everardo sobre o ponto de vista global. Então, não só se ele era capaz de ler e escrever, mas como ele era capaz. Foram aplicados testes de inteligência. De QI mesmo', explicou a fonaudióloga Ana Alvarez, contratada por Titirica para aperfeiçoar a leitura até os testes que seriam aplicados pela Justiça.
O Quociente de Inteligência, ou QI, mede a capacidade intelectual. Segundo especialistas contratados por Tiririca, o dele está na média. Mas a avaliação revelou uma doença que atrapalha a leitura, a escrita e a habilidade de fazer contas.
Essas deficiências poderiam prejudicar Tiririca, também, diante do juiz, na hora de ele mostrar se sabe ou não ler e escrever. No entanto, o comediante contou com ajuda profissional para melhorar o seu desempenho.
'Ele provavelmente ainda tem certa dificuldade, mas nós orientamos como ele deveria fazer melhor. Nós fizemos recomendações de alguns exercícios que ele poderia fazer para, por exemplo, armazenar com facilidade, para ler com maior eficiência', disse a fonoaudióloga.
Desempenho - Na primeira parte da prova aplicada ao comediante pela Justiça, o juiz ditou um trecho de um livro jurídico. Das dez palavras principais do texto, Tiririca errou oito e acertou apenas duas. As palavras que o comediante teve de escrever foram: promulgação, código, eleitoral, fevereiro, trazendo, grandes, novidades, criação, justiça e eleitoral.
'Às vezes uma palavra que é com c-cedilha, às vezes, ele escreve com dois esses, ou vice-versa. Mas é perfeitamente legível e compreensível aquilo que ele escreve', justificou o advogado de Tiririca, Ricardo Vita Porto.
Além dos erros de ortografia, Tiririca demorou oito minutos para escrever a frase completa. Ele teve dificuldades na hora em que o juiz leu 'mil novecentos e trinta e dois'. Foi preciso soletrar os números.
Para o promotor Maurício Lopes, o resultado do ditado foi 'sofrível'. Nos testes, foi mostrada ainda uma página de jornal. Tiririca demorou três minutos para ler o título e duas linhas. Ele também ignorou o 's' das palavras 'lojas', 'produtos', 'vencidos', 'supermercados' e 'multas'.
O comediante trocou ainda algumas palavras. 'Punidas' virou 'unidas', 'reincidentes', virou 'reincidiu'. Em vez de 'infração', ele leu 'inflação'. Tiririca não soube explicar o que dizia o texto.
'Imagina a tensão de você estar numa sala com juiz, promotor, sendo questionada a sua alfabetização. Evidentemente que ele teve um desempenho muito pior do que aquele que ele comumente apresenta', disse o advogado de Tiririca.
O juiz deu mais uma chance ao deputado eleito. Em um novo teste, foi apresentado um texto que falava de um filme sobre Ayrton Senna, corredor brasileiro de Fórmula 1 que morreu em 1994. Tiririca se saiu melhor na leitura e só cometeu uma falha: a rivalidade 'com [Alan] Prost' virou, na leitura do comediante, uma rivalidade 'composta'. Mas ele se corrigiu.
“Ele entende por volta de 60% de todos os elementos que são os mais importantes da leitura. Mas o que é mais importante do que isso é que, com a retomada da leitura, ele entende 100%”, disse a fonoaudióloga.
Tiritica terminou o teste de leitura escrevendo uma frase por conta própria. "Ele escreveu ‘não sou analfabeto’”, contou o advogado. Por orientação da fonoaudióloga, o comediante usou letra de forma para redigir a frase.
'Porque ele teria maior facilidade e maior rapidez para escrever', explicou a especialista.
Para o juiz que aplicou os testes, Tiririca sabe ler, apesar da dificuldade da escrita. Ele não é totalmente analfabeto e, por isso, pode ser deputado.
Dificuldades - Para o cientista político Humberto Dantas, o comediante terá dificuldades na atuação como parlamentar. 'Ele terá dificuldades no que diz respeito a uma série de atribuições do seu cotidiano e terá naturalmente que contar com a ajuda de sua assessoria', afirmou.
Francisco Everardo toma posse em fevereiro, de terno e gravata. Mas nada impede que ele use peruca e o chapéu de Tiririca.
Fonte: G1
Eleito deputado federal com 1,3 milhão de votos, o comediante Francisco Everardo, o Tiririca, teve de provar na Justiça que sabe ler e escrever, exigência da Constituição para se candidatar a cargo eletivo. O “Fanstástico” teve acesso a detalhes das provas de leitura e QI aplicadas ao comediante, que contratou especialistas para se preparar para os testes.
Os resultados mostram que ele errou oito de dez palavras em um ditado, ignorou o “s” das palavras e demorou cerca de três minutos para ler uma manchete e duas linhas de um jornal. No entanto, em um teste aplicado posteriormente, o desempenho melhorou e ele foi considerado apto a tomar posse como deputado. O Ministério Público afirmou que vai recorrer.
Depois das eleições, Tiririca evitou aparições públicas. Ele passou o mês de outubro em São Paulo, onde se reuniu com especialistas que fizeram todo tipo de teste para avaliar se ele sabia ler e escrever. Foram encontros reservados, aos fins de semana e feriados.
'A principal missão era avaliar o senhor Francisco Everardo sobre o ponto de vista global. Então, não só se ele era capaz de ler e escrever, mas como ele era capaz. Foram aplicados testes de inteligência. De QI mesmo', explicou a fonaudióloga Ana Alvarez, contratada por Titirica para aperfeiçoar a leitura até os testes que seriam aplicados pela Justiça.
O Quociente de Inteligência, ou QI, mede a capacidade intelectual. Segundo especialistas contratados por Tiririca, o dele está na média. Mas a avaliação revelou uma doença que atrapalha a leitura, a escrita e a habilidade de fazer contas.
Essas deficiências poderiam prejudicar Tiririca, também, diante do juiz, na hora de ele mostrar se sabe ou não ler e escrever. No entanto, o comediante contou com ajuda profissional para melhorar o seu desempenho.
'Ele provavelmente ainda tem certa dificuldade, mas nós orientamos como ele deveria fazer melhor. Nós fizemos recomendações de alguns exercícios que ele poderia fazer para, por exemplo, armazenar com facilidade, para ler com maior eficiência', disse a fonoaudióloga.
Desempenho - Na primeira parte da prova aplicada ao comediante pela Justiça, o juiz ditou um trecho de um livro jurídico. Das dez palavras principais do texto, Tiririca errou oito e acertou apenas duas. As palavras que o comediante teve de escrever foram: promulgação, código, eleitoral, fevereiro, trazendo, grandes, novidades, criação, justiça e eleitoral.
'Às vezes uma palavra que é com c-cedilha, às vezes, ele escreve com dois esses, ou vice-versa. Mas é perfeitamente legível e compreensível aquilo que ele escreve', justificou o advogado de Tiririca, Ricardo Vita Porto.
Além dos erros de ortografia, Tiririca demorou oito minutos para escrever a frase completa. Ele teve dificuldades na hora em que o juiz leu 'mil novecentos e trinta e dois'. Foi preciso soletrar os números.
Para o promotor Maurício Lopes, o resultado do ditado foi 'sofrível'. Nos testes, foi mostrada ainda uma página de jornal. Tiririca demorou três minutos para ler o título e duas linhas. Ele também ignorou o 's' das palavras 'lojas', 'produtos', 'vencidos', 'supermercados' e 'multas'.
O comediante trocou ainda algumas palavras. 'Punidas' virou 'unidas', 'reincidentes', virou 'reincidiu'. Em vez de 'infração', ele leu 'inflação'. Tiririca não soube explicar o que dizia o texto.
'Imagina a tensão de você estar numa sala com juiz, promotor, sendo questionada a sua alfabetização. Evidentemente que ele teve um desempenho muito pior do que aquele que ele comumente apresenta', disse o advogado de Tiririca.
O juiz deu mais uma chance ao deputado eleito. Em um novo teste, foi apresentado um texto que falava de um filme sobre Ayrton Senna, corredor brasileiro de Fórmula 1 que morreu em 1994. Tiririca se saiu melhor na leitura e só cometeu uma falha: a rivalidade 'com [Alan] Prost' virou, na leitura do comediante, uma rivalidade 'composta'. Mas ele se corrigiu.
“Ele entende por volta de 60% de todos os elementos que são os mais importantes da leitura. Mas o que é mais importante do que isso é que, com a retomada da leitura, ele entende 100%”, disse a fonoaudióloga.
Tiritica terminou o teste de leitura escrevendo uma frase por conta própria. "Ele escreveu ‘não sou analfabeto’”, contou o advogado. Por orientação da fonoaudióloga, o comediante usou letra de forma para redigir a frase.
'Porque ele teria maior facilidade e maior rapidez para escrever', explicou a especialista.
Para o juiz que aplicou os testes, Tiririca sabe ler, apesar da dificuldade da escrita. Ele não é totalmente analfabeto e, por isso, pode ser deputado.
Dificuldades - Para o cientista político Humberto Dantas, o comediante terá dificuldades na atuação como parlamentar. 'Ele terá dificuldades no que diz respeito a uma série de atribuições do seu cotidiano e terá naturalmente que contar com a ajuda de sua assessoria', afirmou.
Francisco Everardo toma posse em fevereiro, de terno e gravata. Mas nada impede que ele use peruca e o chapéu de Tiririca.
Fonte: G1
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