Matéria publicada no Diário do Pará
Foto: Adauto Rodrigues
Edição de domingo, 22/11/2009
Em entrevista exclusiva ao DIÁRIO, o ex-governador Simão Jatene declarou que está “trabalhando como nunca” para ser o candidato tucano ao governo. E garantiu não ter interesse em uma candidatura ao Senado, como vinha sendo ventilado por setores do próprio PSDB. “Claro que sou (pré-candidato ao governo) e o sou com muita satisfação, em decorrência do fato de que essa candidatura vem se forjando num esforço coletivo. Não sou candidato simplesmente porque quero ser. Sou candidato porque sinto nas ruas as pessoas me pedindo para ser. Por onde eu ando, ouço: ‘Governador, volte; nós precisamos do senhor’. Outra razão é que na classe política, prefeitos, vereadores, ex-prefeitos, deputados estaduais, federais do nosso partido e mesmo de outros partidos me procuraram para conversar. É isso que me alimenta. Se não fosse assim, eu estaria dando aulas na universidade, tocando violão, pescando”, declarou Jatene.
O ex-governador diz sentir também apoio da direção nacional do partido para o projeto de ser candidato. “A executiva tem informação desse sentimento mais geral. Eu confesso que jamais iria ficar insistindo, se não fosse isso. Teria até vergonha de ficar forjando alguma coisa ou tentando criar algum tipo de constrangimento às pessoas ou nas lideranças”.
Entre as vantagens como candidato, Jatene cita “forte adesão popular e espaço para aliança”. “Esta é uma candidatura que vai ganhar a eleição porque é o desejo do Estado, hoje”, disse o ex-governador. Jatene garantiu também acreditar que o PSDB não deixará para escolher o candidato em uma disputa durante a convenção partidária que ocorrerá em junho do ano que vem.
Mesmo evitando fazer críticas diretas ao ex-governador Almir Gabriel, Simão Jatene disse que o apoio que recebe hoje dentro do partido é fruto da decisão que tomou de ficar em Belém e cuidar dos tucanos durante o pesado luto pela derrota para Ana Júlia Carepa. Ao mesmo tempo, as dificuldades de Almir dentro da legenda viriam justamente do fato de ter “deixado o Estado e por duas vezes se despedido dizendo não querer mais saber de política”.
Segundo Jatene, Almir saiu “num momento em que o partido ficou vivendo um drama muito grande”.
SENADO
O ex-governador recebeu a reportagem do DIÁRIO, em seu apartamento, no centro de Belém, na última sexta-feira - três dias após um encontro em Brasília com o também ex-governador Almir Gabriel e com a direção nacional do PSDB. Dessa reunião, esperava-se que saísse o nome do candidato tucano ao governo nas eleições do ano que vem. Não houve, contudo, acordo entre os dois caciques e tudo indica que as negociações voltaram para a estaca zero, embora os dois lados tenham dito que as conversas “estão avançando”.
A vaga de candidato ao governo tucano vem sendo alvo de uma disputa interna jamais vista no PSDB. Hoje são três os pré-candidatos. Além dos ex-governadores, o senador Mário Couto voltou a anunciar que está no páreo. A disputa começou em março deste ano, com Almir Gabriel lançado o nome de Mário Couto e fazendo pesadas críticas ao ex-afilhado político Simão Jatene. De lá para cá, o partido já marcou pelo menos três datas para fazer o anúncio do candidato. Mário Couto chegou a anunciar que renunciaria em nome da unidade do partido, mas desde que o escolhido fosse Almir Gabriel. O problema é que, hoje, tanto Almir quanto Jatene brigam para ser o candidato ao governo.
Na entrevista ao DIÁRIO, Simão Jatene comentou as críticas feitas pelos partidários de Couto de que seria um candidato “pouco aguerrido” e por isso a opção por Mário ou Almir, que lutariam mais pela vitória. “Você já ouviu falar do preço da responsabilidade? Quanto mais responsável, mais alto é o preço que se paga. Quem não é responsável, pode dizer qualquer coisa, em qualquer circunstância. Como eu me sinto responsável, não dá para sair por ai pensando com o meu fígado, querendo parecer o valentão. Agora eu tenho uma quase obsessão na luta pelas minhas convicções”, disse.
Jatene garantiu que não será candidato ao Senado porque “não é isso que as pessoas pedem”. “Ninguém chegou e perguntou se eu ia ser candidato ao Senado, nunca me dizem, ‘olha te esperamos no Senado’”.
Pré-candidato otimista com pesquisas sobre a disputa
O ex-governador diz ter consultado pesquisas que o levam a ficar otimista em relação à disputa no ano que vem, em que a principal adversária dos tucanos, pelo menos por enquanto, é a governadora Ana Júlia Carepa. “Todas as pesquisas que me chegaram e que pareceram mais ou menos consistentes nos mostram muito bem posicionados.
Entendo que isso é um reflexo do que a gente fez no governo, mas também a manifestação da expectativa do que a gente poderá fazer”.
Simão Jatene voltou a afirmar que, na última eleição, abriu mão da candidatura (embora pesquisas encomendadas pelo partido o apontassem com altos índices de aprovação) por ter a convicção de que a reeleição é nociva para o País. Ele negou ter sido pressionado por Almir para abrir mão da disputa.
“Em certas circunstâncias, a reeleição não é um processo saudável. Eu acho que no Brasil, pela fragilidade dos partidos políticos, nós temos uma tradição do personalismo muito forte”. Personalismo esse que, segundo Jatene, ficaria ainda mais exacerbado com a reeleição.
Na conversa em Brasília entre os ex-amigos que se tornaram adversários dentro do mesmo partido, o único ponto de consenso são as críticas ao governo Ana Júlia, numa mostra do que deverá ser explorado durante a campanha tucana ao governo, seja qual for o candidato.
“O Pará vive um momento crítico. A sociedade foi objeto de um enorme teatro que a enganou profundamente. Esse governo que está aí se apresentou de forma messiânica. Seria a solução de todos os problemas. Acreditava-se que o governo federal resolveria todos os problemas do Pará. A população imaginou que o Pará iria viver uma experiência inédita, contemplado e reconhecido pelo governo federal. E o que nos temos hoje é um enorme sentimento de tristeza, de frustração, de decepção”. Ao longo de toda a entrevista, Simão Jatene fugiu das críticas diretas a Almir Gabriel. Fez questão de ressaltar os 30 anos de amizade entre os dois e em certos momentos revelou ter ficado triste com o rompimento que ele garante não saber a razão. Sobre o encontro em Brasília (a conversa mais demorada que os dois tiveram desde a derrota de Almir para Ana Júlia, em 2006), Jatene garantiu que o clima foi civilizado. “Até porque eu já disse várias vezes e vou repetir: o Gabriel pode fazer a análise que fizer a meu respeito, eu posso até achar equivocada ou injusta, mas em nenhum momento isso muda a minha avaliação sobre a importância que ele teve. Para mim, as críticas não se confundem com a questão do sentimento, até porque eu não opero com ódio, com raiva, com nenhum sentimento de vingança”.
Jatene admitiu que a demora em escolher o candidato e a disputa interna tem enfraquecido o PSDB, mas fez questão de dizer que nem tudo está perdido. “É claro que essas coisas têm a consequência de criar dificuldades, mas tenho o sentimento de que não se chegou a um estágio que inviabilize a candidatura do partido com grande chance de vitória, desde que seja respeitado esse sentimento da população, essa adesão, esse grau de interesse”.
Almir: candidato “para fechar as cicatrizes”
A depender de Almir Gabriel, Simão Jatene terá muito trabalho pela frente se desejar mesmo ser o candidato tucano. O ex-governador Almir Gabriel mantém a informação de que ofereceu o nome dele como candidato como uma forma de “fechar as cicatrizes” do PSDB.
Almir negou qualquer chance de se lançar ao Senado, uma das alternativas que a Executiva Nacional chegou a propor. “Não há a mínima hipótese. Já passei oito anos no Senado. Isso é mais que um curso de medicina, que dura seis anos”, disse o ex-governador, que é médico.
O ex-governador contou que a desistência de Mário Couto da disputa foi feita em favor do seu nome, “numa atitude que considero muito correta, muito bonita. Ele me disse: ‘Só abro mão para o senhor’”.
Almir negou que tenha pensado em deixar o partido, caso não seja escolhido o candidato. “Isso é coisa de criança, uma bobageira. Imagina, eu sair de um partido que ajudei a fundar em nível nacional e local? Não estou aqui para brincar”, disse. Almir Gabriel avalia que a demora não impede o PSDB de buscar aliados porque a negociação deve ser feita em nome do programa, e não de pessoas. Ele negou sentir resistência a sua candidatura, dentro do partido. “Que eu saiba não [tem resistência]. Estou quieto no meu canto, estudando e lendo, como eu gosto. Não tenho essa informação”.
Procurado pelo DIÁRIO, o senador Mário Couto não retornou os contatos até o fechamento desta edição. (Diário do Pará)
Edição de domingo, 22/11/2009
Em entrevista exclusiva ao DIÁRIO, o ex-governador Simão Jatene declarou que está “trabalhando como nunca” para ser o candidato tucano ao governo. E garantiu não ter interesse em uma candidatura ao Senado, como vinha sendo ventilado por setores do próprio PSDB. “Claro que sou (pré-candidato ao governo) e o sou com muita satisfação, em decorrência do fato de que essa candidatura vem se forjando num esforço coletivo. Não sou candidato simplesmente porque quero ser. Sou candidato porque sinto nas ruas as pessoas me pedindo para ser. Por onde eu ando, ouço: ‘Governador, volte; nós precisamos do senhor’. Outra razão é que na classe política, prefeitos, vereadores, ex-prefeitos, deputados estaduais, federais do nosso partido e mesmo de outros partidos me procuraram para conversar. É isso que me alimenta. Se não fosse assim, eu estaria dando aulas na universidade, tocando violão, pescando”, declarou Jatene.
O ex-governador diz sentir também apoio da direção nacional do partido para o projeto de ser candidato. “A executiva tem informação desse sentimento mais geral. Eu confesso que jamais iria ficar insistindo, se não fosse isso. Teria até vergonha de ficar forjando alguma coisa ou tentando criar algum tipo de constrangimento às pessoas ou nas lideranças”.
Entre as vantagens como candidato, Jatene cita “forte adesão popular e espaço para aliança”. “Esta é uma candidatura que vai ganhar a eleição porque é o desejo do Estado, hoje”, disse o ex-governador. Jatene garantiu também acreditar que o PSDB não deixará para escolher o candidato em uma disputa durante a convenção partidária que ocorrerá em junho do ano que vem.
Mesmo evitando fazer críticas diretas ao ex-governador Almir Gabriel, Simão Jatene disse que o apoio que recebe hoje dentro do partido é fruto da decisão que tomou de ficar em Belém e cuidar dos tucanos durante o pesado luto pela derrota para Ana Júlia Carepa. Ao mesmo tempo, as dificuldades de Almir dentro da legenda viriam justamente do fato de ter “deixado o Estado e por duas vezes se despedido dizendo não querer mais saber de política”.
Segundo Jatene, Almir saiu “num momento em que o partido ficou vivendo um drama muito grande”.
SENADO
O ex-governador recebeu a reportagem do DIÁRIO, em seu apartamento, no centro de Belém, na última sexta-feira - três dias após um encontro em Brasília com o também ex-governador Almir Gabriel e com a direção nacional do PSDB. Dessa reunião, esperava-se que saísse o nome do candidato tucano ao governo nas eleições do ano que vem. Não houve, contudo, acordo entre os dois caciques e tudo indica que as negociações voltaram para a estaca zero, embora os dois lados tenham dito que as conversas “estão avançando”.
A vaga de candidato ao governo tucano vem sendo alvo de uma disputa interna jamais vista no PSDB. Hoje são três os pré-candidatos. Além dos ex-governadores, o senador Mário Couto voltou a anunciar que está no páreo. A disputa começou em março deste ano, com Almir Gabriel lançado o nome de Mário Couto e fazendo pesadas críticas ao ex-afilhado político Simão Jatene. De lá para cá, o partido já marcou pelo menos três datas para fazer o anúncio do candidato. Mário Couto chegou a anunciar que renunciaria em nome da unidade do partido, mas desde que o escolhido fosse Almir Gabriel. O problema é que, hoje, tanto Almir quanto Jatene brigam para ser o candidato ao governo.
Na entrevista ao DIÁRIO, Simão Jatene comentou as críticas feitas pelos partidários de Couto de que seria um candidato “pouco aguerrido” e por isso a opção por Mário ou Almir, que lutariam mais pela vitória. “Você já ouviu falar do preço da responsabilidade? Quanto mais responsável, mais alto é o preço que se paga. Quem não é responsável, pode dizer qualquer coisa, em qualquer circunstância. Como eu me sinto responsável, não dá para sair por ai pensando com o meu fígado, querendo parecer o valentão. Agora eu tenho uma quase obsessão na luta pelas minhas convicções”, disse.
Jatene garantiu que não será candidato ao Senado porque “não é isso que as pessoas pedem”. “Ninguém chegou e perguntou se eu ia ser candidato ao Senado, nunca me dizem, ‘olha te esperamos no Senado’”.
Pré-candidato otimista com pesquisas sobre a disputa
O ex-governador diz ter consultado pesquisas que o levam a ficar otimista em relação à disputa no ano que vem, em que a principal adversária dos tucanos, pelo menos por enquanto, é a governadora Ana Júlia Carepa. “Todas as pesquisas que me chegaram e que pareceram mais ou menos consistentes nos mostram muito bem posicionados.
Entendo que isso é um reflexo do que a gente fez no governo, mas também a manifestação da expectativa do que a gente poderá fazer”.
Simão Jatene voltou a afirmar que, na última eleição, abriu mão da candidatura (embora pesquisas encomendadas pelo partido o apontassem com altos índices de aprovação) por ter a convicção de que a reeleição é nociva para o País. Ele negou ter sido pressionado por Almir para abrir mão da disputa.
“Em certas circunstâncias, a reeleição não é um processo saudável. Eu acho que no Brasil, pela fragilidade dos partidos políticos, nós temos uma tradição do personalismo muito forte”. Personalismo esse que, segundo Jatene, ficaria ainda mais exacerbado com a reeleição.
Na conversa em Brasília entre os ex-amigos que se tornaram adversários dentro do mesmo partido, o único ponto de consenso são as críticas ao governo Ana Júlia, numa mostra do que deverá ser explorado durante a campanha tucana ao governo, seja qual for o candidato.
“O Pará vive um momento crítico. A sociedade foi objeto de um enorme teatro que a enganou profundamente. Esse governo que está aí se apresentou de forma messiânica. Seria a solução de todos os problemas. Acreditava-se que o governo federal resolveria todos os problemas do Pará. A população imaginou que o Pará iria viver uma experiência inédita, contemplado e reconhecido pelo governo federal. E o que nos temos hoje é um enorme sentimento de tristeza, de frustração, de decepção”. Ao longo de toda a entrevista, Simão Jatene fugiu das críticas diretas a Almir Gabriel. Fez questão de ressaltar os 30 anos de amizade entre os dois e em certos momentos revelou ter ficado triste com o rompimento que ele garante não saber a razão. Sobre o encontro em Brasília (a conversa mais demorada que os dois tiveram desde a derrota de Almir para Ana Júlia, em 2006), Jatene garantiu que o clima foi civilizado. “Até porque eu já disse várias vezes e vou repetir: o Gabriel pode fazer a análise que fizer a meu respeito, eu posso até achar equivocada ou injusta, mas em nenhum momento isso muda a minha avaliação sobre a importância que ele teve. Para mim, as críticas não se confundem com a questão do sentimento, até porque eu não opero com ódio, com raiva, com nenhum sentimento de vingança”.
Jatene admitiu que a demora em escolher o candidato e a disputa interna tem enfraquecido o PSDB, mas fez questão de dizer que nem tudo está perdido. “É claro que essas coisas têm a consequência de criar dificuldades, mas tenho o sentimento de que não se chegou a um estágio que inviabilize a candidatura do partido com grande chance de vitória, desde que seja respeitado esse sentimento da população, essa adesão, esse grau de interesse”.
Almir: candidato “para fechar as cicatrizes”
A depender de Almir Gabriel, Simão Jatene terá muito trabalho pela frente se desejar mesmo ser o candidato tucano. O ex-governador Almir Gabriel mantém a informação de que ofereceu o nome dele como candidato como uma forma de “fechar as cicatrizes” do PSDB.
Almir negou qualquer chance de se lançar ao Senado, uma das alternativas que a Executiva Nacional chegou a propor. “Não há a mínima hipótese. Já passei oito anos no Senado. Isso é mais que um curso de medicina, que dura seis anos”, disse o ex-governador, que é médico.
O ex-governador contou que a desistência de Mário Couto da disputa foi feita em favor do seu nome, “numa atitude que considero muito correta, muito bonita. Ele me disse: ‘Só abro mão para o senhor’”.
Almir negou que tenha pensado em deixar o partido, caso não seja escolhido o candidato. “Isso é coisa de criança, uma bobageira. Imagina, eu sair de um partido que ajudei a fundar em nível nacional e local? Não estou aqui para brincar”, disse. Almir Gabriel avalia que a demora não impede o PSDB de buscar aliados porque a negociação deve ser feita em nome do programa, e não de pessoas. Ele negou sentir resistência a sua candidatura, dentro do partido. “Que eu saiba não [tem resistência]. Estou quieto no meu canto, estudando e lendo, como eu gosto. Não tenho essa informação”.
Procurado pelo DIÁRIO, o senador Mário Couto não retornou os contatos até o fechamento desta edição. (Diário do Pará)
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